quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Por que a quantidade de informação não para de crescer?

Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém (Vinícius de Moraes
Neste mundo onde o conhecimento se transformou no principal fator de produção, assistimos ao crescimento das redes, da informação e da comunicação. Em todas as áreas do conhecimento a questão central é como se dá o processo de comunicação: biólogos querem saber como os genes e as células se comunicam; economistas querem desvendar o mistério das relações entre consumidores, produtos, serviços e todos os atores da intrincada rede de valor da economia; psicólogos e cientistas sociais querem entender como as relações humanas influenciam e constroem nossas ideias e sentimentos...
Dentro deste processo de busca do conhecimento, a ciência já foi capaz de identificar os micro e nano componentes dos seres vivos e também planetas, estrelas e galáxias muito distantes de nosso planeta. Mas ainda não estendemos como todas estas moléculas, planetas e seres interagem e se relacionam. Uma coisa, no entanto, já sabemos: não adianta continuarmos esta busca pela unidade fundamental da vida ou do universo ignorando a complexidade das relações entre as coisas e os seres. Como disse Cesar A. Hidalgo: "O Vale (do Silício) se tornou um sistema tão complexo de produção de conhecimento que seu funcionamento independe de um indivíduo qualquer. A melhor cabeça poderia desaparecer agora de lá e isso não faria a menor diferença. O sistema continuaria funcionando e aprimorando-se". Da mesma forma que o vale do silício, o planeta ou o universo continuam a funcionar sem a nossa presença. Mas a nossa presença também faz o Vale do Silício, o planeta e o universo serem diferentes do que seriam sem nós.
Para entender estas complexa realidade trazida pela sociedade do conhecimento, Cesar Hidalgo lançou o livro "Why Information Grows: The Evolution of Order, from Atoms to Economies". Uma das interessantes "descobertas" de seu trabalho é de que a confiança diminui os custos de transação. Embora seja intangível, a confiança (ou a falta dela) dói no nosso bolso....
Uma das questões mais interessante trazida por seu trabalho é por que, havendo tanto dinheiro e a mesma educação de qualidade em outras regiões dos Estados Unidos, não surgiram outros polos tão inovadores quanto o Vale do Silício? Por que o corredor tecnológico de Boston, com tantas universidades de primeiro nível, foi superado pelo Vale do Silício? Por que o Brasil é menos desenvolvido que os Estados Unidos?
A resposta em todos este casos é a mesma: Tudo depende da forma como as pessoas e as empresas se integram em redes complexas. A economia só cresce se a capacidade de processamento se amplia, agregando pessoas qualificadas, empreendedoras e que confiam umas nas outras. A confiança diminui o custo de transação. Com ela, é mais fácil as pessoas interagirem... Só assim é possível participar de redes mais amplas, acumular conhecimento e, eventualmente, atingir graus mais altos de complexidade.
Sociedades com baixo grau de confiança organizam-se em redes sociais menores e mais frágeis, em que menos informação circula e a chance de fazer coisas complexas é menor.
A conclusão parece clara. Para nos tornarmos uma sociedade mais justa e desenvolvida precisamos aprofundar a construção de redes e relações, construir e ampliar os canais de interação entre as pessoas. Tudo (ideias, obstáculos físicos...) que dificulta a comunicação e a construção de relações de confiança entre as pessoas deve ser evitado. Devemos criar um ambiente (de negócios, pessoal) que favoreça as trocas, as interações e a fluidez da informação.
É um longo caminho, mas saber disso já é um bom começo...





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